Por: Joana Rita Sousa
Se há coisa que os patudos apreciam é uma pergunta mágica “vamos à rua?”. É vê-los a abanar o rabo e a saltar. Esperamos que sosseguem um pouco para colocar a coleira e a trela. Sim, a trela. Esta também é uma palavra mágica – e que nos permite segurança e tranquilidade nos passeios.
Não é raro encontrar jardins onde há cães soltos, acompanhados pelos donos – é, até, muito comum. Confesso que é assim que gosto de os ver: livres, a correr e a desafiar outros amigos patudos para a brincadeira. Ainda assim, a experiência tem-me mostrado que não é a melhor opção e que os cães devem andar pela trela. É a lei que dita esta necessidade e tem sentido que assim seja. Há uma grande dose de imprevisibilidade no comportamento animal e que não nos permite garantir, a 100%, que o Rocky se porte bem ou que a Becas não faça mal aos outros cães.
Temos que nos lembrar que não são só os cães que gostam de socializar que vão passear. Por exemplo, o Friqui, um pinscher recolhido da rua, não é propriamente uma simpatia na socialização e ainda que ele tenha um tamanho mínimo, não me sinto confortável a soltá-lo num parque. O encontro com outros cães pode ter efeitos secundários menos positivos. Noto que os donos de cães de grande porte – inclui as raças potencialmente perigosas – são muito mais cuidadosos no que ao andar à trela diz respeito. E os donos de cães de porte mini relaxam mais – a questão é que os cães pequenos são tão ou mais reactivos do que os pitbull e afins.
Nem todos os patudos estão habituados à trela e a passear ao nosso lado, tal como gostaríamos que acontecesse. É aí que entra o nosso trabalho como “pessoa humana” da relação: temos que ir criando esse hábito, fazer várias tentativas e ser paciente, persistente. Há vários tipos de trela: umas mais orientadas para o treino, outras só para o passeio. E para quem não gosta de ver os patudos com coleira, também há a opção do peitoral – muito útil para os momentos em que temos que os transportar de carro.
Consultar um treinador poderá ser a melhor opção quando há muitas resistências por parte do patudo no uso da trela. E nesses momentos não é só o patudo quem aprende – mas sobretudo nós! Se essa opção se revelar muito dispendiosa, há livros disponíveis que certamente poderão ajudar.
Recordo que a lei prevê coimas para quem não cumpre com o requisito da trela, nos espaços públicos. E não há necessidade de estragar aquilo que deverá ser um momento descontraído, para nós e para o cãopanheiro, num encontro imediato com outro cão reactivo ou com o senhor agente que nos poderá multar.
Bons passeios!
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