Dieta Cetogénica
Por: Lillian Barros
Nos últimos anos, o interesse pelas dietas cetogénicas cresceu e expandiu-se muito além do motivo pelo qual foram primeiramente criadas – o controlo das crises de epilepsia.
Este interesse não é de admirar, uma vez que esta dieta frequentemente leva a resultados rápidos na perda de peso a curto prazo.
Em que consiste?
A dieta cetogénica é extremamente pobre em hidratos de carbono, moderada em proteína e rica em gorduras. Na prática, eliminam-se as principais fontes de hidratos de carbono, particularmente o pão, a massa, o arroz, o feijão e os doces, para dar primazia a alimentos como os legumes, os ovos, as sementes, a carne e os frutos secos.
Numa dieta cetogénica, os hidratos de carbono não ultrapassam os 50 gramas diários e, em casos mais extremos, são praticamente abolidos da alimentação. Esta compensação dos hidratos pela gordura faz com que o corpo seja obrigado a recorrer a outras formas de produzir energia. Assim, promove-se a cetose, ou seja, a utilização da gordura como fonte de energia.
Simplificando, quando existe glicose no sangue, resultado do consumo de hidratos de carbono, a insulina converte esse excesso de açúcar em gordura. Quando se diminui a ingestão de hidratos de carbono, o corpo recorre às reservas de gordura para não cessar a produção de energia.
É uma dieta saudável?
A partir do momento em que é eliminado um grupo de alimentos, dificilmente podemos considerar esta dieta nutricionalmente adequada.
Os hidratos de carbono não devem ser vistos como vilões. Na verdade, estes estão presentes numa variedade de alimentos nutritivos, como as leguminosas e os hortofrutícolas. Todos têm o seu espaço, mesmo as batatas, o arroz e o pão devem ser incluídos na alimentação diária, de forma equilibrada.
Da mesma forma, deve considerar-se que, sendo uma dieta rica em gordura, promove o aumento do colesterol LDL e VLDL, o que eleva o risco de desenvolver doenças cardiovasculares.
Para além disso, existem vários sintomas muito comuns para quem começa esta dieta, nomeadamente dores de cabeça, enjoos, tonturas e sintomas semelhantes aos de uma gripe.
No fundo, é a forma do corpo reagir à mudança que ocorre no organismo. Não esquecendo que, como a ingestão de alimentos ricos em fibra marcadamente diminui, é comum verificar-se obstipação.
No que diz respeito aos efeitos adversos a longo prazo, incluem-se a esteatose hepática, hipoproteinemia, cálculos renais e deficiências em vitaminas e minerais.
De facto, apesar dos estudos sugerirem que a dieta cetogénica efetivamente leva a uma perda de peso, assim como à redução da hiperinsulinemia e a uma melhoria da sensibilidade à insulina, em casos como a diabetes podem ocorrer hipoglicemias graves, caso a medicação não seja adaptada a estas alterações na alimentação.
Além disso, a dieta cetogénica é desaconselhada em muitas outras doenças, nomeadamente na insuficiência hepática e na pancreatite.
Outro grupo que deverá ponderar antes de enveredar por esta dieta são os desportistas. Os hidratos de carbono são a fonte primordial de energia, pelo que geralmente são a melhor forma de garantir energia ao longo do treino. Já a gordura, dificulta e atrasa a digestão, pelo que não é indicado fazer um pré-treino rico neste macronutriente.
Deste modo, a dieta cetogénica definitivamente não é para todos. Além disso, a adesão a longo prazo é um desafio, devido a todas as restrições alimentares necessárias para sustentar a cetose.
Conclusão
A dieta cetogénica apenas deve ser recomendada muito pontualmente e com objetivos muito específicos, nomeadamente para controlar crises de epilepsia, quando existe resistência à medicação, e como forma de trazer novos desafios ao processo de perda de peso, de modo a motivar e fugir à monotonia.
Não obstante, esta dieta nunca deverá ser iniciada sem recomendação e posterior acompanhamento de um nutricionista.
Cuide da sua saúde!
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