Cães Idosos – Geriatria Veterinária
Por: Sara Calisto
Com o avanço da medicina veterinária cada vez mais os nossos melhores amigos duram mais tempo, o que nos leva a lidar com uma população crescente de cães idosos/pacientes geriátricos.
Lidar com estes pacientes é totalmente diferente e é importante que os donos estejam cada vez mais preparados para lidar com os seus seniores.
Quando falamos na geriatria, falamos em problemas como senilidade/disfunção cognitiva, alterações corporais e diminuição das funções fisiológicas, assim como a morte.
O envelhecimento trata-se de um processo fisiológico e multifatorial, que leva inevitavelmente a um declínio das funções dos órgãos e dos tecidos.
Este processo é influenciado por fatores endógenos, como raça, peso, espécie entre outros e fatores exógenos como o estilo de vida, nutrição, exercício, ambiente.
Cuidados Médicos
No que toca aos cuidados médico veterinários, assim como nos humanos, é na idade jovem e na geriátrica que os animais necessitam de controlos mais regulares, por motivos distintos, se no caso dos mais novos devido à primo vacinação, no caso dos seniores para controlo de doenças crónicas e melhorar a qualidade de vida.
É importante fazer-se checkups com mais regularidade e que sejam feitos alguns exames específicos. Tal como análises sanguíneas, exames de imagem (ecocardio, ecografias,..).
Também a anamnese por parte do clínico é fundamental nesta fase, através de questionários que procurem alterações de comportamento, só assim é que o seu veterinário poderá elaborar o plano mais correto para o seu animal.
Sinais de Alerta
O dono deverá estar atento a alguns sinais de alerta como:
- Aparecimento de nódulos ou massas
- Tosse
- Dispneia ou alterações respiratórias
- Alterações gastrointestinais (diarreias, tenesmo,..)
- Alterações corporais (perda ou ganho de peso)
- Alterações urinarias (incontinência, alterações de frequência,...)
- Cansaço e intolerância ao exercício, alterações ortopédicas
Alguns destes sintomas podem ser confundidos com envelhecimento e por isso, é importante procurar o seu médico veterinário a fim de perceber como pode ajudar o seu amigo de longa data.
O diagnóstico é difícil, tornando-se muito importante que os animais geriátricos tenham controlos médicos mais apertados.
O tratamento, passa não pela cura, mas sim por retardar o avanço da doença, assim como, melhorar a qualidade de vida e a sua interação com o dono.
Síndrome de Disfunção
Fala-se muito em síndrome de disfunção cognitiva em cães, que é uma doença neurodegenerativa do sistema nervoso central que leva ao declínio das funções cognitivas e que em muito se pode assemelhar ao Alzheimer em humanos.
Afeta normalmente cães com mais de 7 anos e os sinais podem ser difíceis de interpretar.
Exemplo:
- Quadros de ansiedade
- Alterações de sono
- Mudanças na atividade
- Declínio da memória e da aprendizagem
- Dificuldade na locomoção
- Alterações na interação social ou até comportamentos involuntários e repetitivos podem ser sinais de SDC.
Dicas para melhorar a qualidade de vida
Procurar fazer enriquecimento ambiental, estimulando a função cognitiva é essencial:
- Brinquedos cognitivos: que levem o seu melhor amigo a trabalhar a função cognitiva através de alimento, odores, sons, etc.
- Passeios regulares: a fim de evitar a atrofia muscular.
- Suporte nutricional.
- Marcadores olfativos e luzes em casa para assinalar os espaços: que reduzem a ansiedade e o medo.
- Higiene: um animal sujo é um animal que se isola, em algumas fases, pode acontecer casos de incontinência ou perdas e é importante que o animal esteja limpo. Se o nosso cão cheira mal, ou está sujo, inevitavelmente ficará mais isolado e algumas vezes proibido de estar em espaços que seriam normais para ele (como camas, sofás,..), como tal, é importante que este tenha dignidade nos últimos anos de vida. Procure fazer tosquias higiénicas e banhos quando necessário para que o seu animal esteja digno.
- Comedouros adaptados, degraus para as camas ou sofás: esta é a melhor maneira para o seu amigo manter o seu estilo de vida.
- Controlo de dor: É importante que o seu companheiro esteja controlado em termos de dor, uma vez que, é esta uma das maiores limitações em quadros mais graves.