A dor da partida
Por: Joana Rita Sousa
Ao longo da minha vida de “dog lover” já vivi momentos de partida e de luto. Todos os cães com os quais convivi tinham algo único e o momento da partida foi sempre algo doloroso.
Não há receitas que nos ajudem a lidar com isto da melhor maneira: haverá lágrimas no processo.
Há estudos que indicam que o processo de perda de um companheiro de quatro patas é neurologicamente semelhante à perda de uma pessoa. E quando a morte acontece por acidente é comum o sentimento de culpa pela possibilidade de termos sido negligentes. Quando a situação de doença nos conduz a considerar a eutanásia, o luto é particularmente difícil. Com a partida do nosso melhor amigo, desaparecem momentos de partilha e o vínculo afectivo com um ser que, ainda que não fale a nossa língua, parece que nos compreende como ninguém.
Nem sempre o luto pelo cão ou o gato é compreendido por quem nos rodeia; nem todas as pessoas atribuem o mesmo valor à vida dos animais de estimação – e dos animais em geral. A verdade é que nestes momentos se sente dor, há vontade de chorar e uma sentimento enorme de impotência.
Como lidar com essa tristeza que nos invade? Há quem opte por sepultar os companheiros num cemitério para animais e assim assinalar a despedida. Outras pessoas acabam por procurar um albergue ou canil ao qual possam doar os pertences do melhor amigo. E depois, quando nos sentimos preparados, adoptamos outro patudo.
Recordo que quando o Preto faleceu – um cão verdadeiramente único que adoptou a minha família há uns anos valentes – o luto foi difícil para a minha mãe. O Preto tinha sido recolhido por ela e o vínculo entre ambos era incrível. Uma dedicação e um carinho como nunca vi. Este cão escolheu-a e a minha mãe acabou por se render a esta escolha. E por se apaixonar, claro!