O que é a alimentação Paleo?
Por: Lillian Barros
A Dieta Paleo tem como base a Era do Paleolítico, em que o homem caçador, nómada, viril, forte e saudável, vivia com recursos alimentares limitados.
Para além de caçar, recolhia e a atividade física predominava. Não plantava, nem criava, não utilizava pesticidas, aditivos, fertilizantes, não fazia produção intensiva, nem contornava a natureza a fim de obter o que queria em alturas desfasadas.
A agricultura era algo inexistente! Ao contrário, respeitava a natureza e aproveitava aquilo que ela lhe oferecia de forma espontânea, mediante as condições climatéricas, deslocando-se constantemente à procura de novos e melhores recursos.
Milhares de anos depois, com a facilidade de acesso a alimentos processados e fora de época ou de contexto geográfico, associada a um sedentarismo atroz, começaram a surgir também as novas doenças que predominam na nossa sociedade: a obesidade, as doenças crónicas, doenças degenerativas, autoimunes, o cancro, a diabetes e as doenças cardiovasculares. Mas estes são apenas alguns exemplos.
Paleo: dieta ou estilo de vida?
Mais do que uma técnica de perda de peso, esta dieta é um estilo de vida. A filosofia é escolher os alimentos existentes na altura, excluindo aqueles aos quais o homem das cavernas não tinha acesso, mas que são presença assídua na lista de compras dos portugueses da era moderna.
A teoria deste regime alimentar assenta no pressuposto de que o nosso organismo pouco ou nada se alterou desde o Paleolítico, especialmente no que diz respeito às suas enzimas digestivas. Isto, ao contrário da nossa alimentação que nos últimos 100 se alterou de forma marcada, com introdução de novos alimentos, substâncias e ingredientes para os quais o organismo não tem enzimas compatíveis e capazes de as digerir e mobilizar. Esta é, segundo a comunidade científica defensora da Dieta Paleo, a principal explicação para o aparecimento de doenças crónicas favorecidas pela alimentação moderna.
Os alimentos a excluir são todos aqueles demasiado transformados, processados e aditivados, ou seja, todos os alimentos aos quais o homem paleolítico simplesmente não tinha acesso. Há mais de 10 mil anos, a agricultura ainda não existia, não se plantava para colher e o ser humano estava dependente do que a terra espontaneamente lhe oferecia. Não se tinha descoberto o fogo. Caçava-se, comia-se, essencialmente, sementes e frutos da época, marisco, peixe e ovos.
Como começar a dieta Paleo?
A Dieta Paleo é uma dieta que elimina por completo dois dos grandes responsáveis pelas principais intolerâncias alimentares: a lactose e o glúten. É, por este motivo, um modelo alimentar completamente compatível e recomendado na doença celíaca, uma vez que o trigo está totalmente proibido, e também no caso de intolerantes à lactose, devido à exclusão do leite e dos seus derivados. Nesta dieta não há horários – o homem das cavernas não tinha relógio! Deverá, sim, ouvir o seu organismo e ir comendo conforme as suas solicitações. As refeições devem ser as suficientes para se sentir confortável e alimentado, sem fome.
A carne, peixe e ovos não são alimentos exclusivamente associados às refeições principais (almoço e jantar) podendo perfeitamente fazer parte de um pequeno-almoço, digamos, abastado. É bom ter em conta que apesar de rica em fibra, proteína de alto valor biológico, vitaminas, ácidos gordos essências e antioxidantes, para muitos esta pode ser uma dieta muito exigente, monótona e desadequada à oferta alimentar da realidade atual, sobretudo quando se fala em refeições fora de casa, convívios sociais e vida em partilha.
Existem, por esta razão, algumas exceções toleradas na corrente paleo e alguns seguidores (menos puristas) adaptam os conceitos introduzindo alguns alimentos aos quais o homem do paleolítico não tinha acesso, como a batata-doce e o mel, ambos consumidos de forma pontual. Algumas refeições não-paleo podem ser toleradas de tempos a tempos, referindo-se como refeição livre ou cheat meal. É deveras exigente quando levada ao extremo, mas com algumas adaptações e atualizações pode ser uma opção válida para muitos que até agora não encontraram a sua dieta ideal.
Mas convém ter em conta que esta evolução negativa ao nível de saúde não se deve exclusivamente à alimentação, mas sim à alteração por completo do estilo de vida. Um homem mais sedentário, provavelmente mais preguiçoso e com acesso a tecnologias que limitam a necessidade de deslocação ou movimento, mas simultaneamente com maior esperança de vida, é um homem mais propenso a desenvolver doenças que antes não tinham tempo para se manifestar. O acesso a meios de diagnóstico eficazes que identifiquem a origem e a causa de doenças faz-nos hoje dar os nomes às patologias que antes simplesmente não existiam.
Alimentos essenciais na dieta Paleo
- Carne de animais alimentados a pasto
- Peixe
- Marisco
- Folhosos, verduras e legumes
- Fruta da época
- Bagas
- Tubérculos
- Ervas aromáticas
- Ovos
- Sementes oleaginosas (linhaça, sésamo, girassol, abóbora)
- Frutos secos oleaginosos (nozes, avelãs, nozes de macadâmia, amêndoas, pistachios, pinhões)
- Gorduras saudáveis, de preferências extraídas a frio ou da polpa (azeite e óleos de: nozes, de linhaça, macadâmia, abacate, coco)
- Fruta desidratada (passas, ameixas, tâmaras)
Alimentos proibidos na dieta Paleo:
- Grãos de cereais: cevada, milho, milho painço, aveia, arroz, centeio, sorgo, trigo, arroz, arroz selvagem
- Pseudocereais: quinoa, amaranto e trigo mourisco
- Farinhas: tal como os cereais, as farinhas também estão proibidas.
- Leguminosas: incluindo feijão, grão de bico, favas, lentilhas, ervilhas, soja e produtos de soja
- Laticínios: queijo, requeijão, nata, iogurte, gelados, todo o tipo de leite e todos os alimentos processados que contenham leite
- Açúcar ou substitutos do açúcar
- Alimentos processados: doces, bolos, biscoitos, bolachas, refrigerantes, sumos de frutas, bebidas alcoólicas e a maioria dos alimentos que se encontram nas prateleiras dos supermercados
- Óleos vegetais refinados: óleos de soja, girassol, cártamo, amendoim
Emagrecer com este plano alimentar
A perda de peso e, sobretudo, a perda de massa gorda, é conseguida através de um desequilíbrio entre a energia gasta e a energia consumida através da alimentação. Neste caso, como em qualquer dieta, se o objetivo é emagrecer, devemos comer menos calorias do que aquelas que gastamos diariamente para as nossas funções fisiológicas e metabólicas básicas como respirar, bater o coração, manter o equilíbrio interno, e com as atividades complementares de dia a dia como caminhar, pensar, correr, entre outras.
Se pensa que a comer indiscriminadamente e sem regras os alimentos da era paleolítica conseguirá perder peso num abrir e fechar de olhos, desengane-se! Não é necessariamente uma dieta hipocalórica.
O princípio das calorias ingeridas aqui também se aplica e nunca se esqueça que não tem a vida ativa que existia na altura!
Artigos Lillian Barros
O que ter em conta no verão dos mais novos
Dicas para hidratação, receitas de snacks deliciosos e muito mais.
Erva mate: Os seus benefícios
Descubra os benefícios para a saúde e bem-estar.
Cuidados na hora de dar de comer ao bebé
Conheça as recomendações da nossa Nutricionista.